Conceito

A Educomunicação é entendida pela ABPEducom (Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação) como um paradigma orientador de práticas sócio-educativo-comunicacionais que têm como meta a criação e fortalecimento de ecossistemas comunicativos abertos e democráticos nos espaços educativos, mediante a gestão compartilhada e solidária dos recursos da comunicação, suas linguagens e tecnologias, levando ao fortalecimento do protagonismo dos sujeitos sociais e ao consequente exercício prático do direito universal à expressão.

O locus da prática educomunicativa é a interface Comunicação/Educação, constituindo-se como um campo transdisciplinar de diálogo, garantidor de oportunidades para reflexões e ações voltadas ao planejamento e implementação de processos e produtos destinados, (entre outras metas):

– à ampliação da capacidade de expressão de todas as pessoas em um dado contexto educativo, presencial ou virtual (tanto em práticas de ensino formal, quanto em experiências de educação não formal ou mesmo informal);
– à melhoraria do coeficiente comunicativo das ações educativas, convertendo-as em práticas de diálogo social, a serviço da cidadania;
– ao desenvolvimento de práticas de “literacia midiática”, mediante exercícios que facilitem o entendimento e a análise do comportamento operacional dos meios de comunicação, bem como orientem o convívio com as mensagens midiáticas e seu uso no cotidiano da vida em sociedade;
– ao emprego dos recursos da informação nas práticas educativas, numa perspectiva criativa e participativa.
– ao protagonismo comunicativo dos sujeitos, independentemente de suas condições de idade, gênero, nível econômico ou posição social.
Visível nas ações do movimento social, em toda a América Latina, a partir dos anos de 1960, através da comunicação alternativa e de resistência, assim como da educação popular de viés dialógico, o conceito, sistematizado pelo NCE/USP, em 1999, tem como seu principal desafio, hoje, legitimar-se socialmente e converter-se em referencial para políticas públicas.

Uma das utopias dos defensores do conceito é vê-lo adotado em benefício de mais de 50 milhões de estudantes do ensino básico, em todo o pais, tanto no ensino público quanto no privado, como sinônimo de educação para a plena cidadania ou, ainda, vê-lo colocado a serviço das práticas de sustentabilidade (educomunicação socioambiental), da educação em saúde, da formação de sujeitos em situação de risco, merecendo particular atenção a educação em temas de gênero, raça e etnia.

A pesquisa sobre o conceito e o esforço para difundir sua prática têm caracterizado a ação de aproximadamente 60 centros de pesquisas de pós-graduação, nas áreas da comunicação, da educação e das ciências humanas, em todo o Brasil, com mais de 200 teses (de mestrado e doutorado) defendidas e disponibilizadas no banco de tese da CAPES, entre 1999-2016.

Ismar de Oliveira Soares (Presidente da ABPEducom)