Texto jornalístico produzido pela estudante da Licenciatura em Educomunicação Julie Eskinazi, como parte das atividades da disciplina CCA0300 – Atividades Teórico-Práticas III, trabalha as interfaces entre educomunicação e jornalismo.

Texto produzido por Julie Eskinazi

Caminhando para um futuro além do digital, o virtual.

A indústria da moda está passando por uma verdadeira revolução com a introdução da tecnologia 3D, transformando a maneira como as roupas são projetadas e produzidas. A modelagem 3D proporciona benefícios significativos tanto para designers quanto para consumidores, ao mesmo tempo que levanta importantes questões sobre o consumo desenfreado e a sustentabilidade.

(Instagram @murphstudio_ /Reprodução)

Apesar das vantagens, a moda 3D enfrenta desafios significativos, tanto para Indústria adotar o sistema quando para o profissional da área. O custo elevado dos equipamentos e a necessidade de acesso à internet de alta qualidade representam barreiras substanciais, especialmente em regiões de menor poder aquisitivo. Além disso, a falta de formação específica em tecnologias 3D nas faculdades de moda brasileiras limita a disseminação desse conhecimento. Ana Carolina ressalta que “a maior barreira hoje acredito que seja o valor dos equipamentos, que aumentaram ainda mais com e depois da pandemia, além do acesso à internet em locais de vulnerabilidade”. Para superar esses obstáculos, é essencial que haja investimentos em educação e infraestrutura, tornando essa inovação mais acessível a todos os aspirantes a designers.

A sustentabilidade é um dos maiores benefícios proporcionados pela moda 3D. O desenvolvimento de produtos com essa tecnologia permite a realização de múltiplos protótipos sem desperdício de materiais, abordando um dos maiores problemas da indústria têxtil, que é a terceira maior poluente do mundo. Ao reduzir o uso de tecidos e outros recursos durante o processo de criação, a moda 3D contribui para a redução de resíduos e para a promoção de práticas mais responsáveis e sustentáveis.

Um exemplo recente e interessante dessa transformação é a iniciativa da Meta, que lançou uma loja para avatares com roupas de grife. A criação de avatares personalizados e a venda de roupas digitais são um indicativo claro de como a tecnologia 3D está se expandindo para novas áreas e mercados. Segundo a empresa, essas roupas de grife digitais são os primeiros produtos oferecidos, abrindo um novo campo de oportunidades para designers e marcas que buscam inovar e alcançar novos públicos.

 

(Meta/Reprodução)

Com a projeção do metaverso cada vez mais presente, a sociedade está se adaptando a essa nova realidade virtual, onde a personalização e a expressão digital ganham destaque. O metaverso promete ser um espaço onde as fronteiras entre o físico e o digital se tornam cada vez mais tênues, e a moda 3D desempenhará um papel crucial nessa transição. A capacidade de criar e comercializar roupas virtuais permitirá que os indivíduos expressem sua identidade de maneiras inovadoras, ampliando as possibilidades de design e consumo dentro de um ambiente digital expansivo e interconectado. Entretanto, o impacto do metaverso no comportamento humano levanta preocupações sobre isolamento social e identidade. A possibilidade de criar avatares idealizados pode resultar em desconexão entre a identidade virtual e a real, gerando problemas de auto-estima e autenticidade. Além disso, a facilidade de compra de itens virtuais pode incentivar o consumo excessivo e materialismo, afetando negativamente a saúde mental dos usuários. Políticas públicas e regulamentações são essenciais para mitigar esses efeitos e garantir que o metaverso seja uma plataforma segura e inclusiva para todos.

O futuro da moda 3D parece extremamente promissor. Nos próximos cinco anos, espera-se uma adoção ainda maior dessa tecnologia em diversas áreas, desde o desenvolvimento de produtos até o marketing, passando por editoriais, campanhas, desfiles e e-commerce. Ana Carolina acredita que “diversas marcas estão adotando a tecnologia, e existem tantas áreas diferentes dentro do 3D que o caminho não tem como ser diferente”. No entanto, o mercado de moda 3D também promove um consumo desenfreado, assim como a indústria da moda tradicional, uma questão que precisa ser problematizada.

A facilidade e a rapidez na criação de novas peças podem incentivar um comportamento de compra excessivo, que contrabalança os benefícios ambientais. Políticas públicas também podem desempenhar um papel fundamental nesse processo, incentivando práticas de consumo consciente e a adoção de tecnologias sustentáveis por meio de regulamentações e incentivos dessa industria que ainda é pouco regulamentada.

(Imagem gerada por DALL-E/OpenAI)

Para que essa revolução seja verdadeiramente sustentável, é necessário abordar os desafios existentes e promover uma cultura de consumo consciente. A moda do futuro deve ser inovadora, acessível e, acima de tudo, responsável.

 

Acesse o link e veja o vídeo: Julie Eskinazi