Educomunicação e Música: como práticas musicais podem contribuir na práxis educomunicativa

por: Luana Machado 


Práticas educomunicativas prezam pela democratização da cultura, sociabilidade e o aprendizado com participação ativa.

Dessa forma, educadores têm percebido que as linguagens artísticas, como a Música, podem contribuir como suporte educacional. Isso tem sido cada vez mais incorporado nos currículos escolares e acadêmicos e até mesmo no Ensino Básico.

A Secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, por exemplo, delimitou metas que exploram práticas educacionais que fazem convergir comunicação e artes.

Algumas dessas metas são: uso das TIC (Tecnologia e Informação e Comunicação) como práticas educativas, utilização de recursos midiáticos, estímulo à análise crítica cultural e privilegiar manifestações artísticas como formas de expressão da subjetividade.

Na Educomunicação, há um alinhamento cada vez maior entre as diferentes abordagens educacionais da Música e a práxis educomunicativa. “Esta linha de pesquisa, já resultou em dois relatórios de diferentes projetos de pesquisa (PUB) além de um artigo apresentado no XVI Encontro da Associação Ibero Americana de Comunicação realizado em Bogotá (Colômbia) no final de 2019.

Isso, sem mencionarmos os TCCs e as bancadas de Mestrado e Doutorado”, conta Marciel Consani, professor de Educomunicação na ECA-USP e orientador da tese “A Contribuição da Expressão Musical na Práxis Educomunicativa”, de Vanessa Elias.

Segundo o professor, a Educomunicação está reconhecendo a Arte como uma expressão comunicativa, mesmo que ainda não tão explorada, e hoje já é possível ver aplicações musicais no âmbito educomunicativo.

“Estão relacionadas com a Ecologia Sonora, Leitura Crítica de produções musicais, Mediação de Conflitos, Produção de Podcasts e Metodologias Ativas em Educação Musical, só para citarmos algumas delas”, afirma.

O benefício do uso dessas práticas são muitos, tendo em vista que a Música aciona dimensões perceptivas corporais e intelectuais que contribuem para a formação crítica, leitora, midiática e pode auxiliar também na formação de professores.

“Como vantagens específicas podemos considerar três: o trabalho com música não requer de qualquer tipo de tecnologia sofisticada, o discurso musical pode estabelecer uma conexão que não necessita ser verbal entre grupos e indivíduos com referências culturais bastante distintas e a prática musical, em conjunto, estimula a integração dos elementos do grupo assim como a expressão individual a qual cada um dos participantes se dispõe”, relata Marciel.

Existem várias ações em curso que se beneficiam esse tipo de prática. É o caso das oficinas e cursos promovidos pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo através do Núcleo Tecnológico de Educomunicação e o Programa Viva a Escola, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

O programa incluiu quatro núcleos de conhecimento na sua grade: expressivo- corporal, científico-cultural, apoio à aprendizagem e integração comunidade e escola. Nele, existe a proposta de produção de trabalhos musicais como bandas, fanfarras, corais e outras.

Esses são somente alguns exemplos dentre as iniciativas que buscam integrar Educação e Arte. Sobre o desenvolvimento dessas propostas Marciel Consani diz que “ há muitos outros projetos e ações em curso e é importante a ideia de organizarmos um evento ou grupo de pesquisa que permitiria, minimamente, fazer um mapeamento desta rede de educomunicadores musicais”.