Educomunicação, territórios, ancestralidade e (r)existências: roda de conversa com Sampa Negra e Saracura/Vai-Vai

A proposta da atividade “Educomunicação, territórios, ancestralidade e (r)existências: roda de conversa com Sampa Negra e Saracura/Vai-Vai” é promover um debate sobre as estratégias e práticas de comunicação dialógica adotadas pelos(as) integrantes destes dois coletivos que lutam pelo (re)conhecimento dos territórios dos povos e comunidades pretas na cidade de São Paulo, bem como sobre o papel das tecnologias da informação e comunicação nesse processo de articulação entre o território físico da cidade e o território digital-informacional. O evento será realizado no dia 23 de novembro (quarta-feira), à noite (das 20h às 21h30), como parte da “Semana de Consciência Negra da USP”. Ele contará com a apresentação das duas experiências, realizadas por seus(suas) idealizadores(as), seguida de diálogo livre com o público. A mediação será feita pelas professoras Dayana Melo e Thaís Brianezi, da Licenciatura em Educomunicação do Departamento de Comunicações e Artes da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (CCA/ECA/USP).

Parte-se da leitura que o curso da história moderna é marcado por um processo de ocidentalização, no qual o pensamento europeu se impôs arbitrariamente como hegemônico, em um movimento de invasão e dominação de territórios, corpos e mentes (IANNI, 2003). A expansão do capitalismo, assentada na colonização do chamado Sul global, vem acompanhada de um processo simultâneo e contraditório: o crescimento da luta articulada dos povos contra a monocultura das mentes, mostrando que é possível e necessário promovermos a descolonização do pensamento e trabalharmos alternativas ao desenvolvimento (que não se confundem com desenvolvimentos alternativos) (ACOSTA, 2016; 2021).

Historicamente, os povos e comunidades colonizados (r)existem, nos ensinando que existência e resistência são indissociáveis (BRUM, 2021). E, nesse processo de luta pelo (re)conhecimento de seus territórios físicos e mobilização de territórios digitais-informacionais, têm lançado mão de estratégias e práticas de comunicação dialógica, assentadas na educomunicação (SOARES, 2014).

Sobre os grupos convidados:

O projeto Sampa Negra (https://www.sampanegra.com.br/) foi criado em 2015 pela turismóloga e mestranda em Turismo pela EACH-USP Isabella Santos, com apoio do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) da Prefeitura de São Paulo. Atualmente a equipe é composta por outras oito mulheres pretas e um homem, que realizam a pesquisa e a organização de roteiros físicos e virtuais (pelo Google Earth) de turismo antirracista, dando visibilidade às produções culturais, expressões de fé e memórias sociais das comunidades negras em São Paulo.

O coletivo Saracura/Vai-Vai (@estacaosaracuravaivai) é um movimento criado em resposta aos achados dos vestígios arqueológicos do Quilombo Saracura, que existiu do fim do século XIX até início do século XX no bairro da Bela Vista (mais conhecido como Bixiga), e que foram encontrados em função das escavações das obras da Linha 6–Laranja do metrô. A mobilização é composta por moradores da área, sambistas, pesquisadores e militantes do movimento negro, que cobram do poder público a devida preservação e reconhecimento deste patrimônio que constitui “uma oportunidade de aprofundar conhecimento sobre o passado e fortalecer futuro negro de São Paulo” (trecho do manifesto Saracura/Vai-Vai).